Sepultamento de Moacy Cirne em Caicó: emoção dos familiares e presença de amigos

enterro moacyr

Por Suerda Medeiros – Eram 11h40 desta manhã de domingo, 12, quando o caixão com o corpo de Moacy Cirne era colocado no túmulo de sua mãe, Nadir Cirne, falecida em 1958 quando o escritor tinha apenas 15 anos, sepultada no cemitério mais antigo da cidade, o São Vicente de Paula.

Além de estar vestido com a camisa do Fluminense, seu time de coração, Moacy foi sepultado com o caixão envolvido com as bandeiras de Caicó e do time tricolor. Antes do corpo do escritor ser sepultado, sua esposa, Fátima Arruda, companheira de Moacy há 19 anos, se despediu debaixo de aplausos dos familiares e amigos presentes com a seguinte homenagem: “Ele foi um homem que saiu do Seridó, mas não deixou o Seridó”. Foi um homem que rompeu suas amarras, mas não cortou suas raízes, porque aqui teve inicio todos os encantamentos e alumbramentos que ele levou consigo por onde passou.

E assim ele viveu e amou o Rio de Janeiro, sem nunca esquecer de reverenciar Caicó, Caiacó, Seridó, Seridós. Não foi à toa que todo carioca que conheceu Moacy Cirne passou a conhecer Caicó e o Seridó. Esse ponto geográfico tão distante das belezas e efervescências literárias do Rio de Janeiro, que tanto o encantaram.

Aqui sempre esteve o sertão brabo, a caatinga com suas terras áridas, amadas por um homem que tinha o sertão no seu coração. Neste momento, temos parte desta terra revolvida, que logo irá envolvê-lo, como um manto de acolhimento, quando ele volta, definitivamente, às suas raízes”.

2 respostas

  1. Eu e Moacy Cirne moramos juntos no Rio de Janeiro, num apartamento do 11º andar do edifício nº 311 da Silveira Martins, ao lado do Palácio do Catete, juntamente com Naná Vasconcelos, Sinval Itacarambi Leão, Marcus Vinícius, Ednaldo do Egypto e Raul Córdula. Em 1969, tivemos que nos separar rapidamente. A ditadura começara a nos caçar.
    Entretanto, em 1971, Moacy Cirne assumiu a editoria da Revista de Cultura Vozes, de Petrópolis, até 1980, ensinando na Universidade Federal Fluminense. Desde 2007, foi considerado o maior estudioso brasileiro das histórias em quadrinhos.
    Não foi à toa que Tarcísio Gurgel costumava dizer que Moacy Cirne era o intelectual mais completo de sua geração. Sinto orgulho dela fazer parte. Moacy firmou, ainda, decentes posições político-ideológicas (à verdadeira esquerda, é claro) e preocupações sociais que manteve até o final de seus dias.
    Num artigo publicado anteontem, em Natal, seu querido amigo Lívio Oliveira revelou que o livro póstumo terá o nome que Moacy já havia escolhido, segundo lhe afirmou um dia: “A Bíblia: travessia, travessias”, em alusão a Guimarães Rosa.
    Caro amigo Moacy, saudades imensas de sua resistência e serenidade.

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