Análise da pesquisa do IBOPE divulgada ontem (21) no RN

Divulgados os números da pesquisa IBOPE, na noite de ontem, 21 (acesse postagem neste bloghttps://bit.ly/2xtBJdi).

Alguns aspectos pontuais merecem análise.

Para governador do Estado, os números são expressivos e revelam a polarização entre Fátima Bezerra e Carlos Eduardo. O governador Robinson Faria melhora o seu desempenho, porém ainda está distante de ser considerado viável para uma disputa de segundo turno.

Para senador, a observação que persiste é a de que o eleitor não se sente satisfeito com as opções que lhe foram oferecidas pelos partidos para o preenchimento das 2 (duas) vagas no RN.

O eleitor desejaria mais alternativas.

A prova é que os candidatos majoritários em campanha “patinam” em percentuais mínimos (sobretudo considerando-se que são duas vagas), ao contrário de estados vizinhos como Ceará, Paraíba e Pernambuco, onde os nomes para o senado atingem 30 e até 40 por cento de preferencia popular.

GOVERNO DO ESTADO

Em termos de “tendências” e de “crescimento”, o IBOPE mostra, na disputa pelo governo, Fátima e Carlos Eduardo evoluindo nos seus percentuais.

Robinson cresceu também.  Atingiu dois dígitos e melhorou a aceitação do seu governo.

O segundo turno está desenhado como possível, embora não seja, ainda, certeza absoluta.

Fátima Bezerra avançou após a indicação de Haddad para presidente da república. Aliás, o petista já lidera no RN.

Carlos Eduardo, considerando os índices de pesquisa anteriores, foi quem mais evoluiu percentualmente, se comparado com outros candidatos, demonstrando que na “reta final” dá sinais de crescimento. Esse aspecto é muito importante. Regra geral, candidato que cresce no final da campanha alcança resultados mais satisfatórios.

A maior dúvida em relação ao crescimento de Carlos Eduardo é que, se ele cresce, Fátima Bezerra não estaciona e cresce também, mantendo a distancia de percentuais, existente desde o início da campanha.

Tais fatores avalizam a tese de que a “parada” será resolvida nas próximas duas semanas e favorecerá quem consiga atrair os eleitores, que se situam entre os votos “indecisos”, nulos e brancos.

Na eleição de presidente e governador, a Constituição adota a realização de segundo turno.

Para ser eleito, não basta ao candidato simplesmente obter mais votos do que seus concorrentes. Ele precisa ir além, devendo obter no primeiro turno mais da metade dos votos válidos (excluídos os votos em branco e os votos nulos).

Não tendo sido atingida a votação suficiente por nenhum dos candidatos, haverá a necessidade de segundo turno e ganhará aquele que conseguir a maioria dos votos válidos em segundo escrutínio.

No caso do RN, a grande preocupação de Carlos Eduardo e Robinson (os mais competitivos, até agora) deve ser levar o eleitor à urna e reduzir os votos brancos, nulos e indecisos.

Se isso não for alcançado, Fátima Bezerra se beneficia, pois a maioria absoluta a ser calculada no primeiro turno será proporcionalmente menor.

Pela pesquisa divulgada haverá segundo turno, com margem pequena de garantia.

SENADO

Para o senado da república, o quadro é nebuloso, como vem se mostrando, desde o início da campanha.

Os candidatos não empolgam e o eleitor percebe um vazio de propostas e de nomes, repetindo-se chavões, sem algo consistente, em matéria de proposta legislativa.

Há candidatos que “fazem promessas” típicas de governador e presidente, quando a competência de um Senador é “legislar”.

Não se conhecem propostas de um plano ordenado de ação legislativa típica, com princípio, meio e fim, além da indispensável  segurança de que o candidato tem vocação de legislador (já demonstrado no passado) e por isso está preparado e será capaz de discutir e debater no Senado.

Apenas são usados no rádio e TV alguns temas que despertam interesse popular e o anuncio de  “vagas de iniciativas”, sem  a demonstração da consistência de “como, quando e porque” a legislação terá que ser alterada.

Diante desse contexto, o eleitor tendo desejo de “protestar”, fica em dúvida, na hipótese de resolver não omitir-se.

Em momento de aumento da consciência crítica do eleitorado, percebe-se essa fato, em razão de depoimentos esparsos, ouvidos informalmente.

Em tal quadro, o Capitão Styvenson adota um “estilo próprio”; não participa do horário eleitoral e mantem-se quase no anonimato, em matéria de exibição eleitoral nas ruas.

Até agora, a sua estratégia dá certo e o IBOPE mostra que ele se mantém na liderança e caminha para ganhar uma das vagas, embora sujeito a acidentes de percurso.

A segunda vaga do senado está “embolada” e “indefinida”.

O IBOPE trouxe de novo, se comparado com pesquisas anteriores, a evolução de Geraldo Melo e, principalmente, de Zenaide Maia.

Houve crescimento dos dois, porém nada assegura que um ou outro possa superar Garibaldi Alves, que desde o início da campanha mantem-se em percentual estável, quase inalterado.

O deputado Jácome cresceu também, mas distante dos demais concorrentes.

O dado de crescimento mais relevante para a disputa senatorial da segunda vaga é da deputada Zenaide Maia. Além do “pulo” que deu (dobrou a intenção de voto), ela poderá beneficiar-se da onda Haddad, que, segundo a pesquisa, já é o presidenciável mais votado no RN.

Além de Haddad, a deputada Zenaide conta com a sua candidata Fátima Bezerra, que se mantém na liderança para o governo.

O senador Garibaldi Alves, conhecido pelo “milhão de votos” em sua última eleição, não está conseguindo ir além da média de 20%. Um dado lhe favorece: o seu voto é consistente e dá sinais de que não sofrerá influências externas de candidatos a presidente, ou ao governo.

“Caso” o desgaste atinja os seus concorrentes na reta final, a tendência será Garibaldi chegar ao segundo lugar.

Zenaide e Geraldo correm riscos.

Zenaide o risco do “anti petismo” , da alta rejeição de Lula e seus candidatos. Ela é o caso típico de quem se beneficia de “um lado e perde de outro”.  O capital eleitoral próprio de Zenaide é mínimo. Se ganhará mais votos do que perderá, só as urnas dirão.

Ela também não demonstra perfil ideal para  ocupar um mandato de Senador. A sua única bandeira no exercício do mandato de deputado federal é ter sido “contra Temer”. Nada mais. Para agregar o eleitorado indeciso, esse fator de credibilidade é fundamental.

Geraldo tenta notoriamente se “descolar” de Robinson, para evitar desgastes,  o que pode não lhe garantir os votos dos “anti Robinson” e perder daqueles apoiadores do governador. Além do mais, o tucano arca com os ônus dos desgastes e vacilações do PSDB, o sofrível desempenho de Alckmin, o impacto negativo das prisões de governadores do seu partido (PR e MT) e as denuncias divulgadas na Assembleia Legislativa do RN, ainda em apuração, atingindo o núcleo central de seus apoiadores e incentivadores.

CONCLUSÃO

A eleição no RN, pelo que se conhece até o momento, teria os seguintes prognósticos, todos eles possíveis de mudanças na reta final.

Para governador do estado, a tendência será o segundo turno, quando a participação dos candidatos a Presidente da República terá grande influencia na escolha do eleitor. Afinal, o estado vive uma crise sem precedentes e não se salvará longe do Planalto.

Para o senado, o Capitão Styvenson continua favorito para a primeira vaga, embora pelo IBOPE, os seus concorrentes próximos tenham evoluído, em percentuais.

A segunda vaga do senado é indefinida, ainda. Maiores probabilidades para a vitória de Garibaldi Alves, embora Zenaide e Geraldo não possam ser considerados “cartas fora do baralho”.

A eleição proporcional no RN – como no Brasil – certamente não trará surpresas.

A renovação será quase nenhuma. O eleitor tende a optar por referendar os mandatos dos atuais.

Literalmente, é  impossível sobreviver quem não tenha o domínio das finanças dos partidos, que se transformaram em “caixas bancários” pessoais e sem fiscalização.

Os parlamentares fizeram uma lei eleitoral imoral, que os favoreceu, com milhões de reais disponíveis nas campanhas e destinados à distribuição “dadivosa” com os municípios e correligionários.

Como se não bastasse, no caso do RN, a Assembléia Legislativa e a Câmara Municipal de Natal funcionaram como comitês eleitorais, através  do patrocínio ostensivo de candidaturas e de partidos, com ações concretas e diretas de favorecimentos.

Tudo isso consumado à luz do meio dia, no país da Lava jato (?????).

Difícil acreditar, que o eleitor, mesmo protestando tanto, não reaja.

Mas, pelo andar da carruagem, não reagirá.

Serão os “mesmos”, mantidos e preservados nos seus mandatos.

Deus queira,  que a previsão do editor esteja errada!

Por Ney Lopes (ex-deputado federal)

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