Vai ser solto: Paes, Cerveró, Delcídio e lobista dizem desconhecer propina a Cunha

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Quatro testemunhas arroladas pela defesa de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disseram desconhecer o pagamento de propina ao deputado cassado, em audiências realizadas nesta quinta-feira (24), em Curitiba.

O processo, no âmbito da Operação Lava Jato, é relacionado a supostos crimes cometidos na extração de petróleo no Benin, na África, pela Petrobras

Foram ouvidos pelo juiz federal Sérgio Moro o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o ex-senador Delcídio do Amaral e o lobista Hamylton Padilha.

O prefeito do Rio de Janeiro afirmou conhecer Cunha, em razão da atuação política, mas negou que tenha tido reuniões para tratar de propinas com o ex-presidente da Câmara.

Ele disse que nunca fui a Petrobras acompanhado pelo deputado cassado e que só conhece Benin “pelo que lê nos jornais”.

Cerveró relatou não se lembrar de qualquer citação a Eduardo Cunha nas negociações de propina. Ele também garantiu desconhecer a negociação para a extração de petróleo no país africano, que, segundo o próprio, foi feita depois de sua saída da estatal.

Delcídio do Amaral afirmou saber de vantagens indevidas pagas a políticos do PMDB na negociação de cargos nas diretorias da Petrobras, citando apenas o nome do ex-deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), morto em 2009.

Sobre Cunha, no entanto, afirmou não ter conhecimento do pagamento de propinas a ele, apesar de “sempre ser um deputado protagonista”, e que também não ouviu falar sobre Benin.

Padilha, apontador como operador de propinas na Petrobras, citou que tem conhecimento do envolvimento de Cunha com a estatal “somente através da mídia”. Ele disse não saber dizer se o deputado cassado interferia em assuntos da Petrobras.

Preso em 19 de outubro, o ex-presidente da Câmara dos Deputados é acusado de receber propina de contrato de exploração do petróleo no Benin e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.

A defesa de Cunha nega as acusações e critica o Ministério Público Federal (MPF), dizendo que os procuradores não explicaram qual seria a participação do ex-deputado no esquema descoberto na Petrobras.

Testemunhas de defesa
Moro começou a ouvir as testemunhas de defesa de Cunha na quarta-feira (23). As oitivas do primeiro dia foram realizadas por videoconferência. Um dos convocados foi o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

Nesta quinta-feira, os depoimentos são presenciais e tiveram início às 14h, na Justiça Federal em Curitiba. Já as testemunhas de acusação foram ouvidas na sexta-feira (18). Cunha acompanhou as oitivas, na ocasião.

Em geral, os advogados dos investigados da Lava Jato pedem a dispensa dos clientes das audiências com as testemunhas e o juiz autoriza. Cunha, todavia, optou por estar presente.

‘Risco’
No despacho que determinou a prisão, juiz Moro disse que o poder de Cunha para obstruir a Lava Jato “não se esvaziou”. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), em liberdade, Cunha representa risco à instrução do processo e à ordem pública.

Além disso, os procuradores argumentaram que “há possibilidade concreta de fuga em virtude da disponibilidade de recursos ocultos no exterior” e da dupla cidadania.

Cunha tem passaporte italiano e teria, segundo o MPF, patrimônio oculto de cerca de US$ 13 milhões que podem estar em contas no exterior.

Após Cunha perder o foro privilegiado com a cassação do mandato, ocorrida em setembro, o juiz Sérgio Moro retomou no dia 13 de outubro o processo que corria no Supremo Tribunal Federal (STF).

Esfera civil
Na Justiça Federal do Paraná, Cunha responde também a uma ação civil de improbidade administrativa, movida no âmbito da Operação Lava Jato, que alega a formulação de um esquema entre os réus visando o recebimento de vantagem ilícita proveniente de contratos da Petrobras. A ação corre na 6ª Vara Cível.

Além de Cunha, são requeridos na ação civil a mulher dele, Cláudia Cruz, o ex-diretor da estatal Jorge Luiz Zelada, o operador João Henriques e o empresário Idalécio Oliveira.

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